sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Os anjos do contra

Todos os anjos que aí estão
Repousando em meus ombros,
Ficam sorrindo.
Eu, só rindo deles!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Brincadeira

O Tucano esconde
O canto martelo
No bico amarelo
com ares de conde!

O perder confidenciado

Na perda não há escolha.
Há apenas o imprevisto, sem explicações.

Na perda não há retorno.
Há apenas a passagem do presente
que se torna passado, num instante.

Na perda não há compaixão.
Ela traz a sensação de abandono,
o chão que se afasta dos pés,
o caminho interrompido.

Ela declara sua nudez, publicamente.

A timidez

Remexo, mexo, revejo
roupas íntimas.
Vasculho, mergulho
me deixo,
numa gaveta
perdida, cerzida,
sem eixo.
Sem pudor me vejo
dançando sem jeito,
diante de um espelho.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Quando penso em poesia

Pensei que sabia tudo
E quando olhei as palavras
Vi que elas estavam trocadas
Tropecei no meio delas
O caminho era escuro.

Então, chorei.

Depois as palavras, amigas fiéis,
Indicaram-me o caminho.
E disseram baixinho
Simplesmente
Que eu estava apenas começando.

Então, parei.

Busquei o consolo nas palavras
Que se mostravam contentes
Dançantes e vi que eram serenas
Minha vida recomeçando
Numa direção diferente.

Então, senti.

Mexi nas palavras que surgiram
Ainda tímidas em minha tela
Ordenei-as no cesto
Misturei-as novamente
Numa ordem solitária.

Então, sorri.

Percebi que a poesia era isso.
Ela traduzia a alma, o coração, e a mente
dos que interrogam a vida.

Então, me transformei.